Cannabizetol: o novo canabinoide da Cannabis sativa que pode revolucionar o cuidado com a pele
Um novo composto derivado da Cannabis sativa pode estar prestes a mudar o rumo da pesquisa dermatológica. Trata-se do cannabizetol (CBGD) — um canabinoide raro, recentemente isolado e sintetizado por uma equipe ítalo-alemã. O estudo, publicado no Journal of Natural Products, apresenta a descoberta de um membro inédito da classe dos canabinoides diméricos ligados por ponte de metileno, compostos que ampliam o chamado canabinoma: o conjunto químico de canabinoides presentes na planta.
Além do THC e do CBD: os mistérios do CBGD
Enquanto o THC e o CBD concentram a maior parte das atenções científicas, o CBGD surge como uma molécula “fantasma”, encontrada em concentrações extremamente baixas: cerca de 0,1% do material vegetal do quimiovar IV de Cannabis sativa, caracterizado por alto teor de CBG (>0,3%) e baixo de CBD (<0,5%).
Antes do CBGD, pesquisadores haviam descrito apenas dois compostos semelhantes: cannabisol e cannabitwinol (CBDD). Todos compartilham uma estrutura rara de dímeros conectados por ponte de metileno, o que sugere propriedades biológicas diferenciadas e potencial farmacológico inexplorado.
A identificação do CBGD só foi possível após o desenvolvimento de um padrão sintético validado, que permitiu detectar e quantificar o composto em extratos da planta. O processo envolveu técnicas avançadas de química em fluxo, RMN, HRMS-ESI e HPLC, garantindo pureza superior a 90%.
A maratona sintética do CBGD: da bancada ao laboratório farmacêutico
A equipe liderada por Luca Pozzi descreve duas rotas de síntese principais para o CBGD:
- Reação clássica com formaldeído, realizada em refluxo com etanol ou metanol, com rendimento de 13–19%.
- Síntese por fluxo contínuo, uma abordagem moderna e sustentável que utiliza triethylamina (TEA) como catalisador, atingindo rendimento de até 20%.
Segundo o estudo, a síntese em fluxo é como maratonar um seriado – tudo fica muito mais rápido e eficiente. A química em fluxo contínuo representa um avanço importante na obtenção de canabinoides raros, permitindo experimentos mais reprodutíveis e sustentáveis. Os pesquisadores realizaram a purificação por cromatografia flash, e a caracterização estrutural confirmou a autenticidade e pureza do novo composto.
O uso de equipamentos e reagentes de referência — Bruker Daltonics, Agilent, Merck, Sigma-Aldrich, TCI, BLDPharm e Vaportec — reforça o rigor analítico e a confiabilidade metodológica do estudo.
CBGD e dermatologia: um novo candidato com potencial anti-inflamatório
Os ensaios biológicos realizados com o CBGD em queratinócitos humanos HaCaT revelaram resultados promissores para o cuidado da pele. O composto demonstrou potente ação anti-inflamatória, inibindo as vias mediadas por NF-κB e a liberação de IL-8, mecanismos-chave em doenças como dermatite atópica e psoríase.
O estudo mostra que os resultados surpreendem: CBGD modula ampla gama de genes envolvidos em inflamação cutânea. O CBGD apresentou valores de IC₅₀ de 1,46 μM para IL-8 e 4,95 μM para NF-κB, superando inclusive o desempenho do CBG. Além disso, regulou negativamente 17 genes inflamatórios induzidos por TNFα, incluindo CXCL8 (IL-8), CCL20 e CXCL1, indicando um amplo espectro de modulação imunológica.
Outro ponto importante é a segurança do CBGD. Ensaios MTT demonstraram ausência de citotoxicidade nas faixas testadas (0,5–20 μM), o que sugere viabilidade para uso em formulações tópicas. As análises foram conduzidas com Real-Time PCR, arrays QIAGEN e kits ELISA, assegurando precisão nos resultados.
Um novo horizonte para a pesquisa dermatológica
O conjunto de dados apresentado posiciona o cannabizetol (CBGD) como um dos canabinoides mais promissores já identificados para aplicações dermatológicas. Sua combinação de alta potência anti-inflamatória, ampla regulação gênica e perfil de segurança favorável abre espaço para o desenvolvimento de novos produtos voltados ao cuidado da pele e ao tratamento de doenças inflamatórias cutâneas.
À medida que mais estudos confirmem seus efeitos, o CBGD pode se consolidar como um novo marco na farmacologia canabinoide aplicada à dermatologia, reforçando o potencial terapêutico da Cannabis sativa além do THC e do CBD.
O cannabizetol (CBGD) é apenas o começo de uma nova era no cuidado com a pele! Continue aprendendo sobre os avanços da ciência dos canabinoides com a EndoPure Academy e esteja à frente na medicina do futuro.
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