Conversa de especialista: diagnóstico precoce, o poder do Canabidiol e a visão do pediatra Dr. Hugo Werneck

Conversa de especialista: diagnóstico precoce, o poder do Canabidiol e a visão do pediatra Dr. Hugo Werneck
Conversa de especialista: diagnóstico precoce, o poder do Canabidiol e a visão do pediatra Dr. Hugo Werneck

Em uma conversa esclarecedora com o pediatra Dr. Hugo Werneck, para o quadro Conversa de especialista do blog da Endopure Academy, disponível no canal do YouTube, abordamos temas cruciais sobre o autismo, desde o diagnóstico até o tratamento com canabidiol. Werneck também é especialista em saúde mental de crianças e adolescentes, especialista em Autismo e graduando em Filosofia. No bate papo, o médico destacou a importância de uma abordagem multidisciplinar e humanizada, enfatizando que o foco deve estar na melhoria da qualidade de vida do paciente e de sua família.

Diagnóstico: Uma questão de observação e intervenção

Dr. Werneck ressalta que o diagnóstico precoce é fundamental, mas não deve ser um obstáculo para o tratamento. “O problema todo não é o diagnóstico, o problema é tratar”, afirma. Ele observa que muitos jovens, mesmo com sintomas claros de autismo, não recebem o diagnóstico formal e, consequentemente, ficam sem o tratamento adequado.

“O autismo quando chega para você no consultório com dois anos, se ele é um autista grave, você já sabe que ele tem autismo, se não é tão grave, você tem que esperar o desenvolvimento dessa criança para você fechar um diagnóstico correto. O problema todo não é o diagnóstico, o problema é tratar e ter intervenção precoce isso que não acontece”, explica o médico.

O pediatra defende a intervenção precoce, independentemente da existência de um laudo médico. “A criança para existir, ela tem que ter um laudo, ela tem que ter um CID. Isso eu não acho correto”, declara. Ele acredita que o tratamento deve ser iniciado assim que se percebe um atraso no neurodesenvolvimento, com o envolvimento de uma equipe multiprofissional e o apoio à família.

“Eu pego crianças com 12, 13 e 14 anos com autismo clássico, não tem no laudo escrito autismo e eles não são tratados. Eles são esquecidos. Isso que eu acho importante a conscientização do tratamento independente do diagnóstico. O diagnóstico é fundamental, mas a gente não pode colocar isso no Brasil que ninguém coloca no papel. Então temos que fazer intervenção precoce nessa turma”, disse.

Canabidiol: Uma ferramenta terapêutica acessível

Dr. Werneck desmistifica a prescrição de canabidiol, enfatizando que qualquer médico qualificado pode fazê-lo. Ele compara o canabidiol a outras medicações, destacando que todas podem ter efeitos colaterais e que o médico deve estar atento a qualquer alteração no paciente.

“Prescrever canabidiol é muito simples, se você é médico, você tem essa qualificação. Você prescreve várias medicações, qualquer medicação pode causar um efeito colateral. Se isso acontecer você retira. O objetivo é trazer qualidade de vida para aquele paciente e são poucos efeitos colaterais. Mas você que é médico, você vai conseguir ver um hemograma ou uma função hepática, uma função renal, isso é básico, não é só com canabidiol, são com todas as “drogas” que a gente prescreve”, enfatiza. 

O especialista compartilha sua experiência com o canabidiol, relembrando o caso de um menino que apresentava um quadro grave e que teve uma melhora significativa após o início do tratamento.

 “Quando eu prescrevi a primeira vez o canabidiol. O menino [paciente] estava tão grave e tinha usado tantas medicações. Falei com a mãe: ‘volta daqui a uma semana que eu vou estudar’,  isso era em 2016/2017 e quando prescrevi […], pelo amor de Deus, essa criança usava tantas medicações off label  e ela melhorou. Então, eu acho que é isso. O médico precisa ter a confiança de saber que é médico, que pode prescrever. Se tiver alguma alteração, você vai suspender  o uso dessa medicação igual acontece com  todas as outras também “, conclui.

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A importância da abordagem humanizada

Ao longo da entrevista, o Dr. Werneck reforça a necessidade de uma abordagem humanizada no tratamento do autismo. Ele destaca que o médico deve ser um parceiro da família, oferecendo suporte e orientação, sem julgamentos. “Primeiro [o médico] tem que se qualificar, ele tem que ter uma responsabilidade de mostrar pra família que realmente  o paciente tem um atraso e a partir daí não julgar a família, criar caminhos para melhorar ou o atraso na fala ou o  déficit na socialização. Então, ele [o médico] não tem que julgar, ele tem que criar caminhos.”, afirma.

Por fim, o especialista ressalta que o tratamento visa, sobretudo, melhorar a qualidade de vida tanto do paciente quanto de sua família. “Eles têm um direito a isso”, conclui.

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