Do consultório ao feed: como as conversas sobre saúde nas redes sociais estão moldando o comportamento dos pacientes

A maneira como os pacientes se informam sobre saúde mudou drasticamente nos últimos anos. Se antes o consultório médico era o principal (e muitas vezes único) canal de orientação, hoje o feed do Instagram, os vídeos do TikTok e os fóruns on-line se tornaram fontes frequentes de informação – e, por vezes, de desinformação.

Essa transformação impõe novos desafios e também abre oportunidades para os profissionais da saúde. Entender o comportamento digital dos pacientes é essencial para fortalecer o vínculo terapêutico, prevenir condutas arriscadas e até mesmo ampliar o alcance da educação em saúde.

O paciente “informado” (ou desinformado)

Não é raro que pacientes cheguem à consulta já trazendo hipóteses diagnósticas, tratamentos que conheceram em vídeos virais, suplementos da moda ou dietas milagrosas indicadas por influenciadores. Isso pode gerar conflitos, mas também deve ser visto como uma oportunidade de diálogo.

Em vez de reagir com desdém, muitos profissionais têm adotado uma escuta ativa e acolhedora, utilizando esse momento para explicar as diferenças entre conteúdos de qualidade e informações sem respaldo científico. Essa abordagem fortalece a confiança e favorece a adesão ao tratamento.

Médicos e profissionais como comunicadores

Diante desse cenário, cresce o número de médicos, enfermeiros, nutricionistas e psicólogos que passaram a ocupar as redes sociais como criadores de conteúdo. Essa presença ativa contribui para combater fake news, desmistificar temas complexos e aproximar o profissional do público.

Estudos mostram que o engajamento digital de profissionais da saúde pode melhorar a percepção de autoridade, aumentar a confiança do paciente e até impactar positivamente os desfechos clínicos. A linguagem acessível e o uso de plataformas como Instagram, YouTube e podcasts são algumas das estratégias mais eficazes.

O impacto na relação médico-paciente

As redes sociais estão redefinindo o papel do profissional da saúde como educador. Em vez de apenas transmitir informações, muitos têm usado as plataformas para promover reflexão crítica, incentivar hábitos saudáveis e até orientar sobre a busca responsável por atendimento.

Isso também muda a dinâmica do consultório: pacientes chegam mais curiosos, questionadores e exigentes. Cabe ao profissional estar preparado para lidar com esse novo perfil, atualizando-se constantemente e desenvolvendo habilidades de comunicação para o ambiente digital.

Como aproveitar esse movimento de forma ética?

Algumas dicas para profissionais que desejam atuar nas redes com responsabilidade:

  • Siga as diretrizes do seu conselho de classe (CFM, COREN, CRN, CFP, etc.).
  • Sempre mencione fontes confiáveis e atualizadas.
  • Evite prometer resultados e respeite os limites da generalização.
  • Prefira conteúdos educativos a sensacionalistas.
  • Responda dúvidas com empatia e base científica.

As conversas sobre saúde já estão acontecendo nas redes – com ou sem a participação de profissionais qualificados. Estar presente, produzir conteúdo confiável e acolher os impactos dessa nova realidade é uma forma poderosa de ajudar a cuidar da saúde das pessoas.

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