Profissionias discutem como prescrever canabinoides

Cerca de 60 profissionais da saúde estiveram presentes no primeiro evento científico do grupo EndoPure

O mês de junho foi marcado pela realização do primeiro evento científico da 1Pure Brasil & Grupo EndoPure. O “1º Simpósio Canabinologia: Como Prescrever” aconteceu no Ninety Hotel, em São Paulo (SP), no dia 3 de junho, das 13h às 19h. Contando com a participação de profissionais renomados, a tarde foi marcada pela troca de conhecimentos sobre prescrição na terapêutica canabinoide para especialistas da área da saúde, ressaltando a missão da empresa em promover educação continuada e levar informações qualificadas para a sociedade acerca da Canabinologia.

A médica especializada em Canabinologia e coordenadora científica da EndoPure Academy, Juliana Bogado, idealizou o simpósio desde antes da pandemia de Covid-19. Mas com as restrições de convívio social, o projeto foi sendo gestado aos poucos e teve sua realização presencial destacada como prioridade no calendário de eventos deste ano da plataforma de cursos. A espera não foi em vão. Juliana conta que a aderência foi maior do que esperava. “Parecia que eu tinha realizado um sonho”, comemorou a médica. Cerca de 60 profissionais de saúde participaram do evento e puderam se atualizar com informações comprometidas com a qualidade e com o rigor científico.

“Minha maior preocupação com a realização do simpósio era ser algo científico, era a escolha dos profissionais. Porque eu queria sempre algo que trouxesse seriedade, que não misturasse como as pessoas costumam fazer, misturar cannabis, plantação. Os canabinoides são um medicamento e têm que ser tratados dessa forma. Têm efeitos adversos, é necessário ter acompanhamento laboratorial. Não é simplesmente passar algumas gotas sem fazer o cálculo da dose. É um trabalho sério”, afirmou Juliana. Na programação do simpósio, a médica compartilhou seus conhecimentos e experiência com a terapêutica através da palestra “Como prescrever canabinoides de forma segura e eficaz”, onde abordou questões como a importância de conhecer as leis e regulamentações locais para a correta prescrição; a necessidade de conhecimento sempre atualizado e baseado em evidências científicas; possíveis interações medicamentosas e efeitos adversos; a necessidade de uma avaliação completa e detalhada do paciente, considerando seu histórico familiar, condições de saúde pré-existentes, medicamentos em uso, alergias e estilo de vida; escolha da formulação adequada; monitoramento e acompanhamento do paciente; manutenção de registros adequados; e educação do paciente.

O simpósio contou com a participação do neuropediatra Mauro Lins, dissertando sobre “Tratamento com canabinoides para autismo: o que há de novo?”; da psiquiatra da infância e adolescência, Kamila Bignotto, que abordou “O uso de broad spectrum nos transtornos do neurodesenvolvimento”; do neurologista Ibsen Damiani, falando sobre “Uso de canabinoides na doença de Parkinson – uma nova perspectiva: revisão de literatura e estudo piloto”; da clínica geral e geriatra Ana Paula Nana Pereira Martingo Delbaje, que discutiu o tema “Eficácia, segurança e indicações do uso de canabinoides no envelhecimento”; e do neurologista Gustavo Franklin, com a palestra “Uso do Canabidiol na doença de Parkinson.”.

O fisioterapeuta Clailson Farias, conselheiro do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 2ª Região (Crefito-2) e presidente da Associação Brasileira de Fisioterapia Integrativa e Práticas Integrativas em Saúde (Abrasfics), esteve presente no evento e destaca a importância da capacitação para esses profissionais, já que tanto fisioterapeutas quanto terapeutas ocupacionais também podem ser prescritores de canabinoides. “Um fato importante é que a habilitação não capacita, uma vez que nenhum profissional de saúde teve como matéria os canabinoides em suas graduações. Assim, é inevitável que se capacite através de cursos de formação”, relatou. Para ele, é fundamental criar espaços de conhecimento e difundir informações para “desmistificar crenças limitantes e preconceitos, para demonstrar que não é uma panaceia e muito menos uma bala de prata”.

Trocar experiências nos eventos científicos é um ponto de destaque para a palestrante Ana Paula Nana. A médica acredita que é preciso instigar os profissionais a estudarem cada vez mais e, também, a conduzirem estudos na área. Além do fato de os eventos científicos ajudarem a despertar interesse de outros profissionais acerca da medicina canabinoide. “Infelizmente nós vemos ainda muitos colegas com desconhecimento do sistema endocanabinoide, dos tratamentos com canabinoides, e, justamente por não conhecerem, por não terem essa atualização, contraindicam ou suspendem o tratamento de pacientes que já estavam em acompanhamento com a gente, tendo bom resultado. Ou até chegam a desencorajar esses pacientes. Então, é importantíssimo que a gente traga cada vez mais divulgação científica para profissionais, tanto para prescritores quanto para não prescritores”, destacou.

Um ponto relevante em todos os debates foi a qualidade dos medicamentos. Na hora da prescrição, para atingir os objetivos esperados com a terapêutica canabinoide, é preciso conhecer profundamente cada produto indicado. Juliana Bogado destaca que é preciso “ver o canabidiol e os canabinoides como medicamento, trabalhando com um produto sério, como o produto da 1Pure, que tem a dose correta, tem grau farmacêutico. Produtos artesanais não tem como a gente ter controle da dose exata”, adverte. Ana Paula Nana segue a mesma linha de pensamento, destacando que os medicamentos precisam “ter os certificados de análise para saber quais os componentes reais de cada canabinoide, qual a concentração de cada canabinoide na formulação que a gente vai usar e conhecer os controles de qualidade. Para ter segurança e eficácia com os pacientes, a gente precisa saber exatamente o que tem naquela fórmula, quanto de cada coisa. Se não tem risco de ter tido nenhuma contaminação. A gente precisa realmente atentar para a qualidade e para a segurança do nosso paciente”.

Há uma variedade de indicações para tratamento com a terapêutica canabinoide e, em todas elas, faz-se necessário conhecer detalhadamente os medicamentos que serão prescritos. “Exatamente o que eu gostaria que acontecesse, aconteceu. As palestras tiveram uma conexão de temas e os profissionais conseguiram aproveitar bastante. Eu queria fazer um simpósio que tivesse uma finalidade bem clara: como prescrever. Já estamos muito animados para o próximo!”, promete Juliana Bogado.

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